Não é que não se resolva. Há formas de desatar os nós dados por outros. Mas é uma "dor de cabeça" que eu preferia não ter. E porquê? Porque tenho de passar algum tempo a avaliar as mudanças feitas por outros quando eu gostaria era de passar esse tempo a continuar a minha pesquisa. E acrescento que nem sempre é fácil e rápido alterar ou restaurar aquilo que foi modificado por terceiros. Há nós mais fáceis de desatar e nós muito mais complicados.
Mas nem sempre é assim. Já recebi notificações que resolveram mistérios antigos. Quando se procura por um documento durante décadas e de repente alguém do outro lado do mundo resolve colocar o que encontrou nas suas pesquisas, abrindo portas para finalmente saber a resposta é um momento de contentamento garantido. E essa é a razão da árvore no site familysearch ser colaborativa. As contribuições de cada um deveriam ajudar a construir a árvore da família. Mas, na minha humilde opinião, somente a participação e cooperação consciente de cada utilizador pode ajudar a compôr e expandir a história da família, ramo a ramo, geração após geração. E daí surge a minha conclusão que a pressa é inimiga da genealogia!
E quem diz pressa, pode também acrescentar uma medidazinha de descuido. Não leve a mal. Esta minha publicação não pretende apontar o dedo a ninguém mas sim alertar para que o proveito do site seja melhor para todos. Não devo ser a única que fica aborrecida com algumas das mudanças feitas por outros.
A genealogia para ser como deve, precisa de alguns ingredientes. A minha sugestão: Paciência, Análise, Pesquisa e Avaliação. E com mais uma pitada de paciencia e nada de pressas. "A pressa gera o erro em todas as coisas", já dizia Heródoto há muitos séculos atrás!
E o que foi que me motivou a publicar este assunto hoje? Esta manhã recebi mais uma notificação sobre uma unificação, que em 2 segundos prova-se incorrecta. Desta vez, o perfil do meu avoengo Domingos Carneiro foi unificado com o perfil de uma outra pessoa de nome semelhante. Se olhar para a data de nascimento do meu avoengo (circulada a vermelho na imagem abaixo) e comparar com a data de nascimento da filha proposta também por esta unificação, verá porque razão esta unificação está incorrecta. O meu avoengo nascido em 1607 passou a fazer parte de um fenómeno ainda sem nome (ironia!) ao ter uma filha em 1917. Ser pai aos 310 anos de idade tem muito que se lhe diga!
Que tal? Possível? Não. Seria a história mais contada neste canto de Portugal, quiça no resto do país. Se tal tivesse mesmo acontecido acho que o mundo inteiro já saberia de tal coisa, quanto mais a família. Além disso recebeu mais um sobrenome que em nenhum momento apareceu nos documentos deste tronco da árvore.
Mas este "fenómeno" não foi o único. Parece que a minha família tinha uma inclinação para fazer estas coisas (ironia novamente). Há tempos, o perfil de uma outra avoenga por nome Maria Francisca da Silva (por sua vez, um nome comum em Portugal) sofreu uma unificação um pouco semelhante. Quando olhei para os dados percebi que jamais poderia ser a mesma pessoa: nunca viajou para o Brasil. Ela nasceu, teve filhos e morreu em Portugal. Mas a questão resolvia-se pelo facto de que nunca poderia ter casado no Brasil 92 anos depois de ter falecido! E a palavra de ordem é casar depois de ter falecido. E quando contactei a pessoa que fez a unificação, esta ficou chateada comigo pois para ela tudo isto fazia sentido visto que tinham o mesmo nome, ambas nasceram em Portugal, e "afinal foi o site familysearch que fez a sugestão". Chegou a afirmar que fazer essa ligação foi um momento de triunfo. Mas como é que alguém pode ter casado depois de morrer?! Há coisas que não fazem sentido. E chego a outra conclusão: que a pressa e o descuido, quando juntos, podem resultar em atropelo e confusão disfarçados de trabalho árduo e sucesso. Eu entendo o sentimento de ansiedade em descobrir antepassados. Também sofro desse "mal" e dou comigo a pesquisar pela noite dentro constantemente simplesmente porque quero saber mais e mais. Mas a pressa pode muito bem tornar-se num obstáculo para qualquer pesquisador mesmo que bem intencionado.
Se estes dois exemplos fossem os únicos, eu ficaria satisfeita. Mas lamentavelmente este tipo de coisa ocorre com frequencia. Ainda este mês tive mais uns nós para desenlear. Uns outros avoengos, pobres toda a vida e que sempre viveram na mesma freguesia de repente tinham filhos a torto e a direito, em várias partes de Portugal. Nascidos e criados, como se costuma dizer, sempre no mesmo sítio do concelho de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, subitamente foram unificados por utilizadores diferentes com pessoas do mesmo nome em locais como Madeira, Açores, Évora, Vila Real e Bragança. A suposição é que tiveram vários filhos com dias ou semanas de diferença em 6 locais distintos, de norte a sul e até nas ilhas. Mas como pode ser tal coisa se quase todos os dias o meu Manoel Teixeira (nome tão curto e comum) era testemunha em batismos e casamentos em Gaia? Como pode ele viajar para a Madeira e Açores em pleno século 17 e no mesmo dia, somente uma hora mais tarde, estar presente para testemunhar um casamento em Gaia, no Porto?! Parece que tenho mais um fenómeno na família (ironia). E tudo porque o nome era igual... mas isso só não basta.
Então o que se aprende com isto tudo? Digo isto porque não se trata de criticar e ficar por aí. O objectivo não é esse. Garanto. O propósito é ajudar a refletir, ponderar e de alguma forma ajudar a mudar uma prática tão comum. Rematando, acredito que o nosso comportamento como utilizadores do site determina o sucesso das nossas pesquisas e o estado e desenvolvimento da arvore da família. Os registos sugeridos no site FamilySearch (que já abordei aqui no blog), fruto de projectos de indexação por voluntários, são bem vindos mas necessitam de Paciência, Análise, Pesquisa e Avaliação. Não tenha pressa. Esses registos podem nem ser da sua família. Ajude-se a si e aos outros a construir uma árvore robusta, com fontes, com conclusões acertadas. Um passo de cada vez, dê os nós certos, geração a geração para evitar uma salgalhada. Lembre-se: Paciência, Análise, Pesquisa e Avaliação. E há-de lá chegar.
Depois disto tudo, sinto a necessidade de salientar que o site FamilySearch tem sido há muito fundamental para conservar e divulgar uma imensidão de documentos históricos relevantes para a história da família a nível mundial, na casa dos biliões, e com acesso gratuito garantido. Teve um papel muito relevante para o acesso online a documentos junto dos arquivos em Portugal, e por isso terá sempre o meu agradecimento e reconhecimento. Mas repito, a exactidão dos dados nos perfis criados depende em grande parte de quem os submete.
Lembre-se: nada de pressas! Devagar se vai ao longe. Boas pesquisas!
Muito sinceramente este apelo é necessário. Há muita gente nova nisto que não sabe o que está a fazer e não presta atenção e causa muita confusão.
ResponderEliminarParabéns pela coragem de ser assim directa. Gostei. Uma boa alerta.
ResponderEliminara pressa só dá em asneira falta de paciencia
ResponderEliminareu deixei de usar o site pela confusão que alguem fez nos meus
ResponderEliminarVerdade verdadinha é que este apelo aplica-se a todos os sítios de genealogia. Não é só ao FamilySearch. MyHeritage e outros mais as pessoas colocam as coisas aos montes sem atenção aos detalhes. Há muitos que morreram antes de casar e ainda tiveram filhos mas este de 300 anos vai que lá vai. Santa paciencia.
ResponderEliminarUm retrato honesto do que se passa em diferentes sites de genealogia. Vou partilhar.
ResponderEliminarNo FamilySeach aceitam sugeridos sem olhar a quem, e unificam as pessoas sem nexo. Nos outros sitios copiam as arvores uns dos outros e nem procuram os registos. Vai dar tudo ao mesmo. Uma salsada. Os pesquisadores armados em genealogistas é que precisam de ter juizo. Pai aos 300 anos. livra
ResponderEliminaré preciso ser mesmo distraido... nem digo mais
ResponderEliminarque confusao nem da para acreditar so mesmo visto
ResponderEliminarsem palavras
ResponderEliminareu achei que se calhar estava a fazer um bocado mal mas isto é top
ResponderEliminarque beleza de genealogia. há pessoas que não prestam mesmo atenção.
ResponderEliminarcomo estará o resto da genealogia dessa pessoa? até dá medo só de pensar
ResponderEliminarEstou pasmo. Já tinha visto alguns errros mas não assim. Faz bem em alertar e criar consciencia. Saímos todos a ganhar.
ResponderEliminarPai aos 310 anos que disparate ai vai.
ResponderEliminarPAPA �� Gostei. PAPA e fica a papa pronta. Já não me esqueço.
ResponderEliminarO Fulano anda a dormir
ResponderEliminarGostei que não publicou o nome da pessoa que errou. Todos errámos. Ninguém é perfeito. Vou ficar mais atenta no que faço. Grata.
ResponderEliminarJá sigo este blog há muito tempo e ela não mal trata ninguém. Sempre atenciosa, ajuda quem pede ajuda no que pode e ensina com o que escreve. 5 estrelas
EliminarÉ a primeira vez para mim. Vi este tópico partilhado noutro lugar. Parece que há muito para ver. E nomes que eu nunca vi. Bem haja.
EliminarSim há muito para ver. Na pagina inicial olhe à sua direita e tem lá uma etiqueta ASSUNTOS. Divirta-se que isto da genealogia é muito interessante.
EliminarMuito obrigado.
ResponderEliminarA necessidade de se prestar atenção ao que se adiciona a árvore da famelga não pode ser deixada de lado com a alegria de se ter encontrado alguém de que se andava a procura.
P.A.P.A. para todos e um Natal Feliz!
Obrigada a todos pelos comentários e partilhas. Como alguém disse acima, ficámos todos a ganhar.
ResponderEliminarParabéns pelo seu texto e pelo contributo dado em prol de genealogias familiares de qualidade bem assentes em provas documentais. Não é preciso "ir a Coimbra" como diria a minha Avó ou ter formação específica pu especializada, diremos nós, para fazer trabalho bem feito. O que é preciso é querer aprender e querer ensinar, E como na vida, umas vezes somos alunos, outras vezes professores
ResponderEliminarObrigada Manuela Alves.
EliminarGostava de saber ( talvez a pessoa mais credenciada para me responder seja a Dona Manuela Alves), aonde o FamilySearch, o MyHeritage e quejandos fazem as suas pesquisas, se as únicas fontes que conheço são os registos históricos e os Paroquiais ( reporto-me a Portugal, obviamente. Desde já, um muito obrigado. Com os meus cumprimentos.
ResponderEliminarBem vindo ao blog Sr. Antélio.
EliminarO FamilySearch, MyHeritage e outros sites de genealogia NÃO fazem pesquisas.
Cada um desses sites tem acordos e contratos com arquivos de muitos países para disponibilizar os registos online e assim facilitar a pesquisa a todos nós interessados em história da família. Também oferecem a possibilidade de cada utilizador criar perfis, construir a arvore da família, com fontes, fotos, memórias, criar gráficos, etc.
Os dados nos perfis em cada site são colocados pelos utilizadores e outros são fruto de projectos de indexação de anos passados. Já há muito que os vários sites em vez de criarem perfis para cada pessoa que consta num documento indexado, simplesmente colocam sugestões no perfil de alguém com dados semelhantes. Se o meu trisavô se chamava Manoel Pereira, e morava no Porto, vão aparecer várias sugestões para eu avaliar visto que se trata de um nome comum. Mesmo assim, o site não faz pesquisas. Cabe me a mim decidir se a sugestão de registo corresponde ou não. Desejo lhe boas festas e boas pesquisas também!
Os sites não fazem a pesquisa. Dão acesso a documentos.
EliminarIsso mesmo, não pesquisam nada. Temos acesso. Quem pesquisa somos nós.
EliminarNão pesquisam Sr. Antelio. Têm cópias dos documentos e deixam nos ver, de graça como o FamilySearch e outros a pagar, como o MyHeritage.
EliminarHá muito que sinto o mesmo problema, fiquei tão aborrecida que não tenho tocado na árvore, continuo a utilizar o PAF que aí ninguem mexe, falei com membros da Igreja, pensam de outra forma, tenho pena, pois alteraram tanta coisa que nunca mais conseguiria ter tudo novamente correcto, lamentavel
ResponderEliminarBem vinda ao blog D. Manuela Pinheiro.
EliminarEntendo perfeitamente o desapontamento. Mas eu sou muito "teimosa" e mesmo quando leva horas quero tudo direito como antes (digo com um sorriso). Mas faz muito bem em manter o seu arquivo pessoal fora da internet. Eu faço o mesmo e nunca me arrependi.
Mas gostaria de acrescentar que não são só os membros que alteram coisas, qualquer um o pode fazer. E nem sempre reagem positivamente às mensagens. Ficávamos todos a ganhar se cada usário fosse um pouquinho mais consciente.
Boas pesquisas e volte sempre.
Muito bom. Boa chamada de atenção.
ResponderEliminarBoa noite Adilia, por im acoso vo que você pesquisa mesmo que eu no MYHERITAGE
ResponderEliminarNome: José marcelo Calçado.
Sou bisneto de uma pessoa com este nome.
Sera que podemos interagir sobre tal?
Att,
Fernando A .G. Calçado
Lamento, mas não tenho esse sobrenome na família. No entanto, desejo-lhe boas pesquisas.
EliminarOk
EliminarColocação muito pertinente. Tal fato tem acontecido em minha árvore com muita frequência. Outro fator que me incomoda é que pessoas, provavelmente novatas no Family Search, não procuram se informar sobre os passos a se seguir ao lançar um novo nome: o resultado são duplicações que, além de atrapalharem, nos fazem despender tempo com correções quando poderíamos estar continuando com nossas pesquisas... Realmente, a pressa sempre será inimiga da perfeição!
ResponderEliminarBem vinda ao blogue. A pressa não ajuda :) Até na genealogia precisámos de paciencia. :) Boas pesquisas!
EliminarEstou realmente maravilhado com o seu blog. Fantástico! Sou brasileiro, do Rio de Janeiro. E meu bisavô (Domingos Luis da Silva) nasceu em 1888, em Santo Antônio dos Olivais (Coimbra), na Misarela. Ainda estou padecendo nas buscas dos arquivos da Paróquia de Santo Antônio dos Olivais buscando os registros do meu tataravô (José Luís da Silva), do meu 5º avô (Constantino Luís da Silva) e do meu 6º avô (Antônio Luís da Silva). Interessante que parece que foram gerações e gerações nascidas nesta freguesia, especialmente em Tovim de Baixo. Realmente é um exercício de paciência e de frustrações. E ainda nem comecei a buscar o outro ramo da minha família materna que é da Ilha dos Açores. Se tiver alguém que frequente o blog e tenha informações sobre genealogias de Coimbra, especialmente de Santo Antônio dos Olivais ficarei feliz em dialogar (meu e-mail: cristiano.henrique4@gmail.com). Saudações aqui do Brasil!
ResponderEliminar