O que se descobre nos jornais

Agostinho Mauricio Moreira
Uns minutos a queimar a pestana nos jornais já digitalizados e sinto-me uma sortuda pois encontrei algumas novidades. Já aqui antes falei do meu tio-bisavô, de seu nome Agostinho Mauricio Moreira, por casamento com a minha tia bisavó, Maria Josefina Mathilde Lorentzen, quando descobri o nome e uma fotografia dele num periódico Jornal de Seguros datado de 1907. Este achado foi um acaso curioso visto que encontrei essa publicação em 2007, cem anos depois do acontecimento. Nessa altura, dei comigo a imaginá-lo a percorrer a Rua Mouzinho da Silveira (sede da companhia), uma rua central do Porto em que tantas vezes caminhei.

Através desse jornal, fiquei a saber que o Agostinho foi director eleito de uma nova companhia de seguros na cidade do Porto, a Companhia de Seguros Argos. 

Mas hoje os achados foram um pouco diferentes. Tirei uns minutos das preparações natalícias (isso mesmo, fui dar descanso às pernas depois de estar a fazer uns docinhos) e decidi 'repousar' passando o meu tempo a ler mensagens e comentários destes últimos dias. Uma das mensagens levou-me a fazer uma breve pesquisa nos jornais que já estão disponíveis online. 

E uma coisa leva a outra e pensei nos cunhados do meu bisavô Georg Mack, cervejeiro na cidade do Porto desde 1887. Ele tinha precisamente três cunhados: Peder Brinch (capitão de navios e negociante dinamarquês), Agostinho Mauricio Moreira (português) e Joaquim Thomas de Brito (politico e negociante português, emigrado e naturalizado americano). Mas hoje a minha atenção foi para o Agostinho Moreira. 

in "O Comércio do Porto", 20/06/1919
O primeiro achado aparece no jornal "O Comércio do Porto" (parcialmente tratado e digitalizado por um dos meus arquivos favoritos, o Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner), datado de 20 de Junho de 1919. Neste pedacinho de papel fiquei a saber que a direção da Companhia de Seguros Argos comemorou o trigésimo dia do falecimento do Agostinho organizando uma missa em sua honra. 

E novamente, uma coisa leva a outra e eu pensei que talvez haja então uma notícia do seu falecimento que me dê a conhecer mais pormenores.

Recuando então 30 dias, descobri com um certo contentamento o anúncio do falecimento do Agostinho no dia 20 de Maio de 1919, no mesmo jornal (imagens incluídas abaixo). Eu já conhecia a data do falecimento mas foi uma surpresa agradável ler o obituário publicado. 

O artigo não dá a conhecer a causa de morte mas relata o seu carácter de "trabalhador infatigável" com "ínumeros amigos". Confirma a sua participação na Companhia de Seguros Argos, acrescentando que o Agostinho foi presidente do concelho fiscal da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Porto. Esta mesma associação decidiu levar o seu corpo numa carreta dos bombeiros para o cemitério, a partir da Igreja dos Congregados. Eu desconhecia estes últimos detalhes. 

O mesmo artigo indica ainda que foram feitos sufrágios pela sua alma através de doações da mesma associação de bombeiros, pelos directores da companhia de seguros e pelos irmãos do Agostinho, Olindo e Jaime Moreira. Foram beneficiados o Asilo das Raparigas Abandonadas, a Associação Protectora da Infancia, a Creche do Comércio do Porto e ainda o Asilo Portuense da Mendicidade. 

Rematando, olhem só o que se descobre nos jornais. Boas pesquisas!


in "O Comércio do Porto", 20/05/1919



Comentários

  1. Miguel Sousa22/12/20

    Que sorte a sua

    ResponderEliminar
  2. Noemia Soares22/12/20

    nuns minutos? eu procuro procuro e não encontro nada

    ResponderEliminar
  3. Maria Guerra22/12/20

    Parabéns pelas descobertas.

    ResponderEliminar
  4. Paula Fernandes22/12/20

    Eu pesquiso e não encontro...

    ResponderEliminar
  5. Ricardo Lima22/12/20

    Nuns minutos? Como é que faz isso assim tão rápido?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Maria Guerra22/12/20

      Ela é uma máquina :)

      Eliminar
    2. Ricardo Lima22/12/20

      Mesmo assim, só nuns minutos

      Eliminar
    3. Maria Guerra22/12/20

      Acredito porque já lhe fiz perguntas e em menos de 15 minutos ela já tinha a resposta que andei meses à procura.

      Eliminar
    4. Ricardo Lima22/12/20

      ok Maria Guerra, tenho de experimentar um dia destes

      Eliminar
    5. Cristina Ribeiro22/12/20

      Ela é mesmo rápida. Já me resolveu puzzles daqueles dificeis e muito rápidamente. E a ler documentos antigos é mesmo uma máquina. kkk (sem ironia)

      Eliminar
    6. Guilherme Ferreira22/12/20

      Há gente com sorte

      Eliminar
    7. João Cruz22/12/20

      Isto não é sorte. É saber como fazer. E ela sabe meu amigo. Bem haja. Boas festas.

      Eliminar
  6. Lidia Santos22/12/20

    Isto é para quem sabe. Aprende Lidia. Aprende.

    ResponderEliminar
  7. Estão surpresos com a rapidez? Quando se sabe as datas, não demora muito tempo a encontrar. O dificil é quando não se sabe quando nem onde algo aconteceu. Na realidade, demorei mais tempo a escrever este artigo do que na pesquisa propriamente dita. Boas pesquisas!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ricardo Lima22/12/20

      Não tinha notado que já sabia a data. Mesmo assim foi rápida. Os meus parabéns.

      Eliminar
  8. C Pratas22/12/20

    Não conhecia o Arquivo que menciona. Grato pela partilha.

    ResponderEliminar
  9. Rita Soares22/12/20

    Para que pesquisa pessoas que não da sua família? Voce não tem esse senhor como seu antepassado. Ele era casado com a sua tia. Não era seu familiar. Eu não faço isso. Nem pensar. Que desperdicio de tempo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Lidia Santos23/12/20

      Cada um pesquisa quem quer. Essa é a sua opinião mas não significa que todos temos de o fazer. Para mim é família.

      Eliminar
  10. Isabel Vaz23/12/20

    Eu acho impressionante o seu esforço mesmo com os tios. Continue e não dê ouvidos a quem acha que é uma perda de tempo.

    ResponderEliminar
  11. Vitor Sousa23/12/20

    Parabéns e obrigado por partilhar as descobertas. O seu entusiasmo está à vista e é motivador. Boas festas.

    ResponderEliminar
  12. Grata pelas mensagens. Gostaria de esclarecer que quando o Sr. Agostinho Moreira se casou com a minha tia bisavó (e apesar de eu nunca a ter conhecido pois ela faleceu em 1914), ele passou a ser família. Não considero pesquisar vida dele uma perda de tempo. E pelo que conheço deste senhor, os meus antepassados que conviveram com ele também o consideravam como família. Boas pesquisas e boas festas.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Lidia Santos23/12/20

      É isso mesmo. Boas Festas

      Eliminar
  13. Sandra Lewis4/1/21

    Amazingly generous of you to share your knowledge and experience. I am so low tech and low know how specially in Portuguese. I am learning to read it thanks to you. My mom was a Perry, her father was Pereira. Thanks again my family history angel.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário