Uma menina 'enxofrada'?

Encontrei este óbito de uma menina que parece ser filha de uma "rapariga do Porto que costumava andar a pedir de nome Joanna solteira" pelas terras de Custóias. O padre indica ainda que "dizem ter sido enxofrada a dita menina" por uma terceira pessoa, como podem ver na imagem abaixo, sublinhado a verde. A menina tinha nascido no dia anterior.


Eu já vi a palavra 'enxofrar' ser usada em sentido figurado para indicar ressentimento, mágoa ou sentir-se irritado com a atitude ou escolhas de alguém. Mas por mais que tentasse descortinar o que aconteceu a esta criança, não fazia muito sentido.

O esclarecimento surgiu numa mensagem de António José Mendes, em 2/11/2016.  

"A palavra utilizada é uma corruptela de "ensopear", que significa mergulhar parcialmente, correspondendo ao baptismo por imersão: Adaptado de “Constituições do Arcebispado de Braga”, Tít. 1, Constit. 4ª, Lisboa, 1538: 

"Quando uma criança foi baptizada em casa, por estar em perigo de vida, cessando o dito perigo, será a dita criatura levada à igreja paroquial, onde o sacerdote se informará do modo que se teve no dito baptismo. E se achar que tudo se fez devidamente, lhe fará os exorcismos acostumados, e lhe porá o óleo e a crisma.


Defendemos estreitamente que nenhum sacerdote baptize a criatura senão por imersão, imergindo-a uma só vez na água, a qual fará dizendo juntamente as palavras do baptismo, excepto em 4 casos, nos quais se fará a aspersão: no primeiro, quando for a pessoa adulta e crescida; no segundo se, verosivelmente, a criatura corresse, por se meter debaixo da água, notável dano por sua enfermidade, porque então bastará lançar-lhe alguma água na cabeça descoberta ou no rosto; no terceiro, quando a criatura não pode sair do ventre da mãe, senão a cabeça ou algum outro membro, que, em tal caso, se deve fazer o baptismo no membro que aparece, por aspersão; no quarto, quando, em caso de necessidade, se não pode ter tanta água que baste para fazer a imersão."


Comentários

  1. Anónimo13/11/16

    Desconhecia. obrigada.
    Laura

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  2. Anónimo14/11/16

    Mais uma para adicionar as outras que aqui colocou. Continue.
    Abraços Jose Silva

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  3. Anónimo29/11/16

    Interessante!!!
    Beatriz

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