A "história" começa aqui. Temos um registo de batismo datado de 1845 de uma criança de nome Jose (imagem 1, circulado a azul). Era filho de Manuel da Cunha e de Maria dos Reis, do lugar do Calvario, na freguesia de São João Baptista de Vila Cova à Coelheira, concelho de Vila Nova de Paiva, distrito de Viseu.
A anotação lateral (imagem 1, circulado a vermelho) dá a conhecer que esta criança faleceu usando o termo "Morto", e indica ainda onde está registado o óbito: "folhas 40 1842 a 16 de Janeiro L.o (livro) d'Obitos", ou seja na folha 40 do livro de 1842. Mas a criança nasceu em 1845... Como pode ter falecido em 1842? Inicialmente parece ser somente um erro no ano citado na anotação. É preciso então encontrar o óbito referido para verificar os dados. Se não aparecer em 1842 mas sim noutro ano, é certamente um engano no "averbamento".
De facto, o assento de óbito consta no ano de 1842 (imagem 2, sublinhado a azul) e trata-se de uma criança com o mesmo nome e filho dos mesmos pais, que moram no mesmo local do Calvario. Então o que aconteceu aqui?! Como pode a criança ter falecido 3 anos antes de nascer??
Uma das soluções é procurar mais filhos do mesmo casal. Ora, o Joze no óbito de 1842 tinha três anos de idade. Assim sendo, deve ter nascido por volta de 1839. Torna-se necessário então pesquisar nos registos de batismos de 1839, e se não aparecer pesquisar no ano de 1838, e ver se o mesmo casal teria tido outro filho com o mesmo nome. E a pesquisa revela mais um registo de batismo.
O mesmo casal teve um outro filho Jose, nascido a 14 de Novembro de 1839 (imagem 3, sublinhado a vermelho). Fazendo as contas, visto que este Jose nasceu em 1839 teria três anos em 1842, este é o Jose que faleceu em 1842. E assim sendo, o engano na anotação não foi no ano. O "averbamento" foi colocado no batismo errado! Mistério resolvido!
Aqui fica a sugestão: pesquise a familia, procure os filhos todos, e não aceite o primeiro José ou Manoel que aparecer no livro de batismos. Pode ser um irmão e não o seu antepassado directo. Era muito comum dar o mesmo nome de um filho falecido ao filho seguinte. Pode parecer perda de tempo mas ganha-se em certezas.
E mais uma coisa, pode haver erros em qualquer registo. Pesquisar os vários tipos de registos disponíveis é criar oportunidades para encontrar mais informação e ou confirmação do que já sabia.
Bom fim-de-semana e boas pesquisas!!
A anotação lateral (imagem 1, circulado a vermelho) dá a conhecer que esta criança faleceu usando o termo "Morto", e indica ainda onde está registado o óbito: "folhas 40 1842 a 16 de Janeiro L.o (livro) d'Obitos", ou seja na folha 40 do livro de 1842. Mas a criança nasceu em 1845... Como pode ter falecido em 1842? Inicialmente parece ser somente um erro no ano citado na anotação. É preciso então encontrar o óbito referido para verificar os dados. Se não aparecer em 1842 mas sim noutro ano, é certamente um engano no "averbamento".
Imagem 1 |
De facto, o assento de óbito consta no ano de 1842 (imagem 2, sublinhado a azul) e trata-se de uma criança com o mesmo nome e filho dos mesmos pais, que moram no mesmo local do Calvario. Então o que aconteceu aqui?! Como pode a criança ter falecido 3 anos antes de nascer??
Imagem 2 |
Uma das soluções é procurar mais filhos do mesmo casal. Ora, o Joze no óbito de 1842 tinha três anos de idade. Assim sendo, deve ter nascido por volta de 1839. Torna-se necessário então pesquisar nos registos de batismos de 1839, e se não aparecer pesquisar no ano de 1838, e ver se o mesmo casal teria tido outro filho com o mesmo nome. E a pesquisa revela mais um registo de batismo.
Imagem 3 |
O mesmo casal teve um outro filho Jose, nascido a 14 de Novembro de 1839 (imagem 3, sublinhado a vermelho). Fazendo as contas, visto que este Jose nasceu em 1839 teria três anos em 1842, este é o Jose que faleceu em 1842. E assim sendo, o engano na anotação não foi no ano. O "averbamento" foi colocado no batismo errado! Mistério resolvido!
Aqui fica a sugestão: pesquise a familia, procure os filhos todos, e não aceite o primeiro José ou Manoel que aparecer no livro de batismos. Pode ser um irmão e não o seu antepassado directo. Era muito comum dar o mesmo nome de um filho falecido ao filho seguinte. Pode parecer perda de tempo mas ganha-se em certezas.
E mais uma coisa, pode haver erros em qualquer registo. Pesquisar os vários tipos de registos disponíveis é criar oportunidades para encontrar mais informação e ou confirmação do que já sabia.
Bom fim-de-semana e boas pesquisas!!
Bem visto. Eu nao chegava la.
ResponderEliminarJoao S
Não estava a ver como era possível...
ResponderEliminarAinda bem que voce tem o olho bem aberto para estas coisas coisa.
Abraços brasileiros,
Rafael
Pois, os erros nos registos dificultam a pesquisa. Mas um erro destes dá que pensar. Boas ideias. Partilhe mais. Preciso de aprender. Obrigada, Ana da Piedade
ResponderEliminarParabéns minha querida.
ResponderEliminarJussara Antunes
Absolutamente brilhante! Manuel Lopes
ResponderEliminarExcelente trabalho. Obrigado
ResponderEliminarCarlos Pinheiro
Fantastico
ResponderEliminarMuito bem. Dificil mas chegou la.
ResponderEliminarBem pensado.
ResponderEliminarRaciocínio perfeito. Parabéns pela solução do caso.
ResponderEliminarObrigada. Bem vindo ao blogue :)
EliminarSolução perfeita
ResponderEliminar