O Cerco do Porto e a falta de registos

Durante o Cerco do Porto - período que durou de Julho de 1832 a Agosto de 1833 - as tropas liberais de D. Pedro IV de Portugal ficaram sitiadas pelas forças fiéis a D. Miguel I de Portugal. O Cerco do Porto acabou por ser um capítulo negro nas guerras sangrentas entre liberais e absolutistas, por conta de quem deveria suceder ao trono.

A cidade do Porto mostrou uma resistência heroica, sofrendo por mais de um ano combates, bombardeamentos e incendios. Viu milhares dos seus habitantes mortos e feridos e aguentou com fome e epidemias. Tudo isto deixou as suas marcas e devastou a cidade. Assim sendo, não admira que haja falhas nos registos paroquiais.

No entanto, o cerco foi rompido e mais de um século depois a cidade do Porto ainda mostra através dos nomes das suas ruas como celebra, preserva e imortaliza a vitória da liberdade. De repente surge-me Heroismo e Firmeza, mas olhando mais de perto encontramos mais:


~ Rua dos Mártires da Liberdade ~
Foi em reconhecimento do sacrificio dos revolucionários envolvidos na Belfastada em que alguns acabaram enforcados e decapitados na antiga Praça Nova a 7 de Maio de 1829.

~ Praia da Memória ~
Praia de Arnosa de Pampelido, perto de Mindelo, foi local de desembarque de tropas liberais organizadas por D. Pedro - os Bravos do Mindelo - em 8 Julho de 1832.


~ Praça do Exército Libertador ~
Fica na freguesia de Cedofeita, e é conhecida também por Largo do Carvalhido. Foi local de acampamento para os Bravos do Mindelo.

~ Rua 9 de Julho ~
Data e local por onde avançaram os 7.500 Bravos do Mindelo, e lê-se que o fizeram com as baionetas enfeitadas com hortensias azuis, a cor dos liberais.

~ Rua de Sá da Bandeira ~
Os 80.000 militares absolutistas reorganizaram-se e sitiaram a cidade no fim de Julho, apertando o cerco até Setembro. Vila Nova de Gaia sucumbiu a 8 de Setembro com o sacrificio de muitos como aconteceu com o destemido Bernardo de Sá Nogueira Figueiredo, natural de Santarém. Este perdeu o braço direito por conta de uma bala ao liderar as tropas liberais num lugar estratégico chamado Alto da Bandeira, em Gaia. Recebeu mais tarde o título de Marquês de Sá da Bandeira.

~ Praça Coronel Pacheco ~
Trata-se de Joaquim José Pacheco, coronel do regimento de infantaria 10, que veio a falecer de um ferimento na cabeça no aquartelamento existente neste local durante o cerco, em Dezembro de 1833 após sangrento tiroteio na zona da Areosa.


Por certo que esta lista está incompleta e outros nomes deveriam aqui estar, que não me importo de acrescentar à medida que os descubro. O certo é que o Cerco do Porto deixou marcas. E algumas delas podemos lê-las nas ruas do Porto, outras no registos das suas freguesias.

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