A Casa da Roda

De certo que, se ainda não encontrou referencias nas suas pesquisas a crianças 'expostas' ou à Roda, deve estar quase a encontrar. O exposto é uma criança que foi deixada num sítio, por exemplo, nas escadas de uma igreja, na porta da casa de alguém, numa estrada, num campo, debaixo de uma árvore, etc. Ou seja, foi abandonada. As razões para este abandono podem ser muitas, por exemplo: esconder uma gravidez indesejada, sérias dificuldades económicas, entre outras. 

O termo Roda surge por conta do mecanismo usado para abandonar as crianças. Tratava-se de um cilindro giratório embutido numa parede de um edifício. A criança era colocada no lado de fora, o cilindro era rodado para que a criança ficasse do lado de dentro, fazendo tocar uma campainha. Nesta altura, a rodeira, pessoa que permanecia perto da dita 'roda', acolhia a criança sem ter conhecimento de quem teria 'exposto', ou seja, abandonado a criança.

Imagem encontrada em "Assistance Publique de Paris", e adaptada de Huard P., Laplane R. - Histoire Illustrée de la Puericulture. Paris, Éditions Roger DaCosta, 1979, p. 113.

Às vezes, pequenos bilhetes ou objectos eram colocados junto com as crianças. Os bilhetes às vezes indicavam o nome, outras vezes informavam quanto tempo a criança tinha, ou então porque é que a criança foi exposta (não tinha leite, não tinha dinheiro para sustentar a criança, etc). Por vezes, chegavam a indicar que procurariam a criança mais tarde ou até a data em que isso aconteceria.

Entre os objectos colocados junto com as crianças encontram-se rosários, medalhas, cabelos entrançados, escapulários e relíquias, e outras peças distintas (lenço bordado, fita de seda, bolsa de camurça, etc). Por vezes, eram deixadas flores. Todos estes 'sinais' eram deixados para permitir localizar a criança numa altura mais conveniente para quem a abandonou.

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